Ainda não se falava em design e no peso da criatividade como valor acrescentado a um produto e já este fazia parte, com o papel do debuxo e o relevante papel dos debuxadores, de uma longa tradição industrial na Covilhã.
Há dois anos, em novembro de 2021, a Covilhã tornava-se Cidade Criativa do Design da UNESCO, a primeira nesta área em Portugal. Uma distinção pela aposta na cultura e na criatividade, no empreendedorismo e na inovação, mas assente na história milenar do território, no património histórico e industrial e nas identidades locais.
A nível estratégico, a Cidade Neve reposiciona-se. Afirma-se agora como cidade de cultura e conhecimento e coloca o design na agenda pública, associado à academia e à inovação industrial, mas também ao discurso político e à administração pública. Entra nas redes internacionais das cidades criativas, nas dinâmicas globais da UNESCO, e potencia o cosmopolitismo. Ganha marca e atratividade cultural, económica e turística.
Mas é a Covilhã, Cidade Fábrica que está na génese desta candidatura, reafirmando a importância da indústria de lanifícios que enforma toda a sua história económica e social e onde o design esteve sempre presente, mesmo nos tempos em que não era reconhecido. O debuxo, e o papel central dos debuxadores no processo de produção, são na verdade os precursores do moderno peso do design industrial. O design e a criatividade que hoje, a par da inovação, assumem um papel crítico nos métodos de produção existiram sempre, transmitidos de forma orgânica pelo saber e conhecimento dos mestres, nas fábricas da Covilhã. O próximo passo, até pela justiça do seu reconhecimento histórico, é inscrever o debuxo como património cultural imaterial nacional. Um projeto que já está a ser preparado pela autarquia e que vai avançar depois de acabado o inventário de mais de 2500 desenhos e padrões que foram recolhidos pelo município.
Hoje, na cidade, na universidade e nas empresas investe-se no valor intangível do design, fomenta-se o espírito criativo e a inovação tecnológica, valoriza-se a arte no espaço público e nos equipamentos de cultura, na indústria modernizada dos lanifícios, na reabilitação dos edifícios, na reconversão do património industrial em novos espaços colaborativos de criação, de moda, design, comunicação, gastronomia e programação cultural.
De forma permanente, a cidade convida a percorrer rotas de arte urbana e arte nova, rotas da lã e do património industrial. E renova e abre espaços como o TMC – Teatro Municipal, o moderno Museu Municipal distinguido como Museu do Ano 2022 pela Associação Portuguesa de Museologia, o Museu Nacional dos Lanifícios da Universidade da Beira Interior (MUSLAN) ou o New Hand Lab, onde se fomenta a criação, a inovação e o empreendedorismo.
E programa e dinamiza iniciativas e eventos culturais, debates e exposições, concertos e residências artísticas.
Além das programações anuais dos equipamentos de cultura, no âmbito do plano de ação da Covilhã, Cidade do Design, o município passou a organizar anualmente a Covilhã Creative Week e anunciou, recentemente, a organização de uma Trienal Internacional de Design a realizar em 2025, que se afirmará como o maior e mais relevante evento deste projeto. A primeira edição será organizada em parceria com a Ideias Emergentes – Produção Cultural e terá como tema central o “Design Têxtil”.
TRIENAL INTERNACIONAL DE DESIGN EM 2025
Entre março e junho de 2025, a Covilhã marcará o panorama cultural e será o centro das cidades criativas da UNESCO.
Com foco no “Design Têxtil”, a I Trienal Internacional de Design oferecerá um programa com inúmeras atividades culturais e artísticas a realizar em vários espaços, uma exposição e conferência internacionais, que contarão com um designer de renome internacional e muitas outras referências de várias áreas criativas.
Também estão previstos workshops e oficinas para jovens designers em formação, residências artísticas, um festival de design, iniciativas de longo prazo a levar a cabo com a comunidade de criadores e uma ‘open call’ para propostas de intervenção de design em espaço público.
Nos últimos meses de 2024, vão ser lançadas algumas ações, cujos resultados terão efeito durante a Trienal.
Será um programa “muito atrativo e que contribuirá para afirmar ainda mais a estratégia que tem sido seguida pelo Município para posicionar a Covilhã como um território criativo”, defendeu a Vereadora da Cultura, Regina Gouveia, na apresentação da Trienal.
www.covilhadesigntrienal.pt