A história da indústria têxtil na Covilhã é uma crónica de inovação e resiliência. Foi no século XVIII, sob a influência do Marquês de Pombal, que a atividade se transformou, com a fundação da Real Fábrica de Panos, em 1764. Com a introdução da primeira roda hidráulica em Portugal, em 1815, inicia-se verdadeiramente a afirmação da Covilhã como um pujante polo industrial.
Esta inovação, aproveitando a força motriz das ribeiras da Serra da Estrela, antecedeu a adoção da máquina a vapor e simbolizou um notável avanço tecnológico. A roda hidráulica não apenas melhorou a eficiência da produção têxtil, como também demonstrou
a habilidade local em harmonizar os recursos naturais com o progresso industrial. A mecanização revolucionou processos como a fiação, a tecelagem e a tinturaria, elevando a produção a patamares antes impensáveis.
Artesãos, mercadores e inovadores afluíram à região, atraídos pela promessa de prosperidade. Elisa Pinheiro, historiadora, investigadora e primeira diretora do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, recorda como muitos desses trabalhadores acabavam a dormir nas próprias fábricas, enrolados nos panos e tecidos que produziam. A aprendizagem, que é acumulada e passa de geração em geração, reforça a vitalidade do ciclo da lã na Covilhã.
A expansão da rede ferroviária facilita o transporte de matérias-primas e produtos acabados. O século XX, com a concorrência global e a deslocalização da produção, apresentou novos desafios para a indústria têxtil da Covilhã. Tecidos antifogo, acabamentos hidrófilos, fios produzidos de materiais reciclados são apenas alguns exemplos da inovação de uma indústria conseguiu reinventar-se. As antigas fábricas, agora transformadas em museus, espaços culturais, salas de aulas e residências são um testemunho de inovação, resiliência e transformação.
A história têxtil da Covilhã é um exemplo vívido de como uma cidade se pode adaptar às mudanças dos tempos, respeitando as suas raízes enquanto abraça o futuro.