11-01-2024
“SORRY” HELLÉNIO REGRESSA À GALERIA ANTÓNIO LOPES
No próximo dia 13 de janeiro, a Galeria António Lopes abre as portas a Helénio Mendes, conhecido no mundo artístico como Hellénio.
Intitulada “Sorry”, a exposição de pintura neoexpressionista concentra-se no primeiro piso da galeria e vai estar patente ao público até 29 de fevereiro, de terça-feira a domingo, das 10:00 às 18:00.
Esta é a terceira vez que Hellénio se apresenta na Galeria António Lopes, que o recebe sempre com muito carinho, já que este foi o espaço escolhido pelo ar-tista para a sua primeira exibição individual, com “Sufri, nha fidjo”, em 2020. Voltou em 2021 com “Corre, uma lufada de ar fresco que vem com a liberdade de expressão”.
Nascido na Guiné-Bissau, Hellénio está em Portugal desde os 5 anos. Entre Lis-boa e Abrantes, o curso de Design de Moda levou-o à Universidade da Beira In-terior, na Covilhã. Nesta área explora a arte através dos tecidos, da desconstru-ção e de materiais criativos, de modo a obter peças sustentáveis e conceptuais. Daqui para o mundo foi um pequeno salto.
Segundo o artista, a sua arte “é uma expressão livre e crua, influenciada pela arte tribal africana e por artistas como Amadeu de Sousa Cardoso e Mário Rita”.
Tematicamente, nas suas obras expressa os sentimentos que não consegue verbalizar acerca do que viveu até hoje: a ausência de uma figura paterna; os traumas de ser criança negra numa cidade pequena maioritariamente habitada por portugueses de cor clara; a presença do machismo, que não o deixou ex-pressar-se devidamente, e a ansiedade e problemas mentais de quem cala o que sente.
A sua pintura retrata maioritariamente figuras negras, em homenagem a todos os que partiram sem voz e na esperança de realçar a força e a emancipação desse povo. Os seus trabalhos são o reflexo da vida no mundo físico, em con-traste com imagens do subconsciente.
Sinopse da exposição:
“Uma jornada pessoal de autenticidade e transformação”
"Sorry" é uma narrativa visual honesta e corajosa que explora os cantos mais escuros da solidão, arrependimento e autocrítica. Durante seis meses em Va-lência, um período de intensos estudos e autoexame, o artista encontrou inspi-ração nos gestos simples de dois senhores, cuja generosidade transcendia as barreiras do material.
Cada peça nesta exposição é um fragmento intricado de um quebra-cabeças emocional. Convida os espetadores a partilhar o isolamento do artista, refletin-do sobre a autenticidade dos seus próprios pensamentos na escuridão de uma TV desligada.
Vai além das palavras repetidas no quadro, revelando um autorretrato nu, on-de a busca por mudança e autenticidade se manifesta em diferentes perspeti-vas. Uma jornada que começa com o reconhecimento corajoso de um lado in-desejado, abrindo caminho para o apoio e a busca de transformação.
O impactante é um testemunho visual da luta contra a vontade de viver. Velas queimadas, corações desgastados e uma coroa de espinhos expressam a dor, enquanto o artista busca desesperadamente uma razão para continuar.
É uma obra que transcende o tempo, agradecendo à mãe com a representação de orações e palavras repetidas. Uma ligação eterna que ecoa a importância das relações familiares e da fé.
É um retrato cru e vulnerável, onde o artista se expõe completamente, reve-lando ossos e coração. Uma expressão de vergonha e remorso, impactando não apenas o artista, mas todos ao seu redor.
Desafia assim a dualidade entre impulso e amor. Três potes de vidro, simbolizando o fálico e corações partidos, destacam a necessidade de in-tegridade emocional e a rejeição de padrões prejudiciais.
A crítica é uma linha condutora, destacando erros e falhas, enquanto a gratidão e a busca de perdão emergem como fios de esperança. Amigos leais, representando anos de amizade e lealdade, testemunham uma jor-nada marcada por erros e momentos difíceis.
A exposição culmina com uma homenagem emocional à mulher amada e à mãe, usando a arte como uma linguagem universal para expressar gra-tidão e amor.
Entre obras sem título, cenas quotidianas destacam o valor de todos os que servem, reforçando a ideia de reconhecimento e apreciação.
"Sorry" transcende a arte tradicional, tornando-se uma narrativa visual sincera, repleta de autenticidade, autoconhecimento e a busca contínua por redenção. Os visitantes são convidados não apenas a admirar as obras, mas a refletir sobre sua própria jornada de perdão, aceitação e crescimento.
Terça-feira a domingo das 10:00 às 18:00 na Galeria António Lopes, Rua Portas do Sol, 122, Covilhã.